terça-feira, 20 de abril de 2010

AOS 18

Cecília estava sentada em sua cama, relendo os diários que havia escrito durante toda a sua vida. Amores, tristezas, encontros, desilusões, amizades, recordações... Por cada ano que passava, encontrava diversos momentos existentes. Alguns dos quais nem mesmo se lembrava, mas era maravilhoso relembrar, até mesmo as dores pelas quais ela achava que tinham sido as maiores da sua vida.

Porém, algo pareceu iluminar diante de seus olhos. Uma capa no tom bege muito desgastado se destacou dentre as pequenas agendas que se encontravam jogadas em cima de sua cama. Seu coração disparou, sentia o pulsar dentro de suas veias e as lágrimas chegaram às portas de seus olhos. Ela rapidamente agarrou o diário e ficou olhando para ele pensativa e emocionada.

Vários flashes de diversos momentos pelo qual ela havia passado lhe vieram à mente. Mas não eram quaisquer momentos, eram os melhores momentos de toda a sua vida! Era o seu diário de quando ela teve 18 anos. Aquilo era melhor do que qualquer história de livro que ela poderia escrever ou ler, porque naquilo ali estava a sua vida. O começo da sua história como pessoa, como menina, como mulher.

Cuidadosamente ela abriu a capa e encontrou na primeira página uma foto sua com os amigos da faculdade. “Turma XV – Direito – 2001”. Lá estavam pessoas que tinham ajudado a construir o seu caráter, algumas mais do que outras, mas de certa forma, todos tiveram sua importância. E, lá estava ela: os cabelos longos, onduladamente escuros e bem caídos pelos ombros. O corpo todo esculpido à forma que Deus mandou. Um sorriso enorme que destacava toda a sua alegria mostrava a inocência de não saber que não havia problemas naquela época. Ao seu lado duas pessoas extremamente especiais que, ao passar os olhos por eles, inconscientemente ela disparou a chorar. Um choro de dor e alegria. Um aperto que veio de dentro da alma e chegou a sufocá-la. Saudade.

Ao seu lado estavam os seus melhores amigos, aqueles que estiveram com ela em todos os momentos especiais que se tem na vida, principalmente aos 18 anos. A primeira faculdade, o primeiro trote, a república como moradia, a carteira de motorista, a primeira DP, as festas durante a semana, a saudade de casa, o primeiro porre, a primeira viagem sozinha, a primeira entrevista, as dinâmicas dos processos seletivos, a pipoca queimada, as tardes de vídeo game regadas à cerveja, o jogo do Brasil na Copa, o primeiro estágio, o TCC, a efetivação, a formatura...

Somente por aquela foto ela sabia exatamente o que havia dentro daquele diário. Todos os momentos estavam aflorados à sua pele e à sua memória. Não poderia haver melhor sensação. Lá estavam todas as suas descobertas, todos os seus medos, todas as suas derrotas, todas as suas superações, todos os seus amores. E foi então que ela o achou! O sorriso mais encantador e charmoso que poderia haver, os olhos brilhantes como esmeralda destacados pelo sol que batia em seu rosto, o cabelo loiro jogado de lado sem uma ordenação que seja. Seu coração parou. Foi como voltar àquele momento, o do primeiro amor.

Como um filme em “replay” ela enxergou cada momento vivido ao lado desse amor, desde o primeiro olhar até a despedida. A primeira conversa, os olhares, os toques, os beijos, a química perfeita que havia entre ambos. Como era maravilhoso! A fuga nos finais de semana para a praia, os estudos de química no sábado à noite... Ele havia sido o primeiro homem em sua vida, aquele que tinha ensinado ela dirigir antes mesmo de ter carta, que a usava como garota propaganda de todas as suas histórias, aquele que tinha chegado pra ficar, ou supostamente, deveria ter chegado para ficar. Mas não ficou.

Foi aos 18 anos que Cecília encontrou o significado mais do que real da amizade, que ela encontrou e se encantou com o primeiro amor, que ela errou e aprendeu, se decepcionou e superou, entendeu o significado dos seus pais em sua vida, o valor de uma moeda, a dor de uma despedida, a alegria de um encontro... Porém, acima de tudo, foi aos 18 que ela viveu intensamente. Esse diário não poderia levá-la fisicamente de volta no tempo, mas, poderia entregá-la magicamente toda uma vida que ela não escreveria diferente se tivesse oportunidade.

(Rafaela Bucci)

Texto escrito para o tema da 27ª Edição do Blogueando.

4 comentários:

  1. Q liiiindo q tá seu blog amiga!!!!! Ameiiiiiiiii demaisss.
    Esse texto então...perfeito... me fez até chorar. bjsssss

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  2. Menina, nunca consegui mandar um recado pra ti desde que segui seu blog!
    ainda bem que tá tudo certinho agora!

    obrigada pelo carinho!

    Aqui é tão lindo!
    bjos

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  3. Que doce de texto, Rafa!

    Realmente não há nada de se reescrever uma história. Com coisas boas ou ruins, são elas que nos moldam. São a base do que nos tornamos! E é tão bom pegarmos essas agendas e lermos aqueles textos antigos, com detalhes que nem lembrávamos. É uma viagem no tempo! :)

    Um beijo, querida!
    Boa noite!

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